
Na quarta-feira (3) o presidente do Senado Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), disse na tribuna do Senado que a Policia Legislativa das duas Casas Senado e Câmara dos Deputados já estão apurando a origem das agressões ao parlamento, que estão disseminando postagens nas redes sociais que o Congresso Nacional é inimigo do povo.
Mas, o parlamentar se esquece que eles mesmos estão fornecendo munição para que o cidadão tenha essa percepção sobre nosso Congresso. Só nesta semana esse Congresso Nacional deu duas munições para o cidadão ter essa percepção!
Na terça-feira (9) aprovou a dosimetria, que reduz a pena para condenados por tentativa de Golpe de Estado para beneficiar criminosos que planejaram assassinar o presidente da república, seu vice eleitos democraticamente pela maioria dos brasileiros para se manterem no poder, além de planejar assassinar um ministro da Suprema Corte.
Na quarta-feira (10) votaram contra a cassação do mandato de uma deputada condenada, foragida da justiça, e, presa na Itália aguardando sua extradição para o Brasil. Essas atitudes dos nossos deputados e senadores nos leva a refletir como está nosso Congresso Nacional.
A atuação dos deputados federais e senadores no Brasil revela um distanciamento crescente entre o Parlamento e a sociedade que deveriam representar. Em vez de responder às urgências do país, muitos legisladores seguem uma lógica política que prioriza carreiras individuais, barganhas de bastidores e negociações pouco transparentes. O resultado é um Congresso frequentemente percebido como reativo corporativista e alheio às demandas reais da população.
Nos últimos anos, tornou-se evidente que grande parte do esforço parlamentar está voltada para a manutenção de poder e influência, mais do que para a solução estrutural dos problemas brasileiros. Projetos são apresentados em grande volume, mas poucos têm impacto concreto no cotidiano das pessoas — muitos servem apenas como sinalização política ou moeda de troca. A troca de favores, o toma-lá-dá-cá e o uso estratégico de cargos e emendas continuam sendo mecanismos centrais do processo legislativo.
Além disso, debates essenciais para o país frequentemente são substituídos por disputas ideológicas superficiais, que geram barulho, mas não produzem avanços. Temas complexos são reduzidos a slogans, e decisões de alto impacto social e econômico são tomadas de forma acelerada, sem aprofundamento técnico e, muitas vezes, sob pressão de grupos organizados com grande poder de lobby.
A falta de transparência também permanece como uma das marcas mais preocupantes da atuação parlamentar. Votações simbólicas, acordos fechados em gabinetes e negociações conduzidas longe do olhar público contribuem para a sensação de que o cidadão comum é sempre o último a ser considerado. A distância entre Brasília e o Brasil é mais política e moral do que geográfica.
Por fim, o Congresso mostra grande resistência à renovação. Mesmo diante de escândalos, denúncias e baixa popularidade, muitos parlamentares mantêm influência graças a estruturas locais de poder, partidos frágeis e sistemas eleitorais que favorecem quem já está no jogo. O resultado é uma Câmara e um Senado que mudam menos do que o país exige, reproduzindo velhas práticas que impedem avanços institucionais.
O Brasil precisa de um Parlamento que seja mais do que um balcão de negociações: necessita de um Congresso capaz de pensar estrategicamente, legislar com responsabilidade e representar verdadeiramente a sociedade. Até que isso aconteça, a sensação de que deputados e senadores atuam muito mais por si mesmos do que pelo país continuará sendo uma das críticas mais duras — e mais verdadeiras — sobre nossa democracia.
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