
Guerra da Rússia contra a Ucrânia entra em seu terceiro ano e meio de conflitos, evidenciando que os russos subestimaram tanto os ucranianos quanto a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). A estratégia russa mostrou-se equivocada no campo militar. Já no campo econômico, mesmo sob fortes sanções da União Europeia e dos Estados Unidos, a economia russa permanece relativamente estável.
Do ponto de vista militar, os russos, se quisessem impor uma vitória rápida, deveriam ter neutralizado o espaço aéreo ucraniano e deposto Zelensky, como os americanos fizeram no Iraque e tentaram no Afeganistão. Em contrapartida, os ucranianos conseguiram atacar diversos pontos da Rússia, chegando inclusive a invadir seu território.
Segundo a grande mídia, os russos realizaram um ataque aéreo de grande proporção em Kiev, a capital ucraniana, atingindo prédios do governo pela primeira vez. Isso ocorreu apenas após três anos de guerra, o que levanta questionamentos sobre a condução militar russa. Em contraste, exemplos históricos, como os ataques de Israel contra o governo sírio e, mais recentemente, contra o regime iraniano na chamada “guerra dos 12 dias”, mostram estratégias de ataque direto aos gabinetes do governo, bases aéreas e sistemas de defesa.
No final de agosto, Vladimir Putin aventou a possibilidade de uma reunião em Moscou com a presença de Zelensky para discutir um acordo de paz. O convite soou, ao mesmo tempo, como ironia e como um gesto interpretado por alguns como sinal de desgaste ou mesmo de fraqueza russa. Diante desse cenário, Zelensky recusou a proposta.
O ataque russo de 7 de setembro foi considerado o maior de todo o conflito até agora. O discurso de Moscou continua o mesmo: os alvos seriam apenas militares, fábricas de armamentos e infraestrutura ligada ao exército ucraniano.
A grande dificuldade enfrentada por Zelensky, contudo, é a falta de soldados para sustentar o esforço de guerra, o que torna sua dependência da ajuda externa cada vez mais evidente — especialmente dos Estados Unidos, da França e da Alemanha. Emmanuel Macron, presidente francês, mantém um jogo duplo: de um lado, aposta fortemente no apoio militar; de outro, nos meios de comunicação, defende a diplomacia. Tanto Macron quanto o chanceler alemão — pressionados pelos Estados Unidos — são apontados como peças-chave no avanço da OTAN em direção ao cerco militar contra a Rússia.
Cada morte na Rússia e na Ucrânia recai sobre Vladimir Putin, como responsável direto por iniciar o conflito. Mas também indiretamente sobre a OTAN, que ao longo dos anos buscou sufocar militarmente os russos, mesmo diante da impossibilidade prática de tal objetivo.
Israel Aparecido Gonçalves é cientista político e escreve sobre Relações Internacionais, Conflitos e Direitos Humanos. Atualmente é doutorando em Sociologia e Ciência Política pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Mestre em Ciência Política pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), é graduado em História e Filosofia. Organizou mais de 20 livros nas áreas de Educação e Ciências Humanas e possui 131 artigos de opinião publicados em diversos sites e jornais do país. Seu livro mais recente é “Sociologia e Direito – Volume 3”, lançado pela Editora Periodicojs em 2025.
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